Um amigo recebeu a notícia que vai ser pai. Nos encontramos rapidamente
no supermercado. Eu com carrinho e ele com uma cesta, trocamos uma idéia rápida,
entre a prateleira da sabão em pó e o amaciante.

eu falei das maravilhas da paternidade;
da transformação absoluta que eu sofri;
do outro entendimento do mundo, da família,
das relações, da vida;
falei das descobertas diárias, das noites
em que eu boto ele pra dormir. a paz que isso dá;
dos dias em que o inácio enche o mundo de cor
com um sorriso, quando chego em casa;
falei, falei, falei.
(...)
e no final, quando eu já ia saindo ele me perguntou
com medo:
e a fralda?
eu respondi com um sorriso amarelo: normal.
e fralda de cocô? - me perguntou, agora assustado de verdade.
também normal.
E concluí:
pode ficar tranquilo que trocar fralda de cocô vai ser
a sua preocupação mais branda.
eu falando das mudanças internas e ele querendo saber do supérfluo,
querendo saber de merda. - pensei, mas não disse, antes de sair com o Omo na mão.





pano rápido
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